sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sonho de uma manhã de verão

Eu ainda lembro das horas que passei, pensando, repensando, planejando, e desfazendo futuros prósperos de nós dois. Lembro bem, mas confesso que não sei especificar. Não sei ao certo se foram horas, alguns minutos, segundos. Sei que devo ter perdido a aula de alguma teoria chata que esqueci.
Deixei de lado lápis, caneta e caderno. Deixei até mesmo de cochilar enquanto apenas olhar pra janela me fazia sonhar. Comprei uma lapiseira nova, pois talvez ela me trouxesse um pouco de concentração, o que claro não funcionou. Assim como a velha tentativa do caderno mais bonito, a borracha colorida, nada.
Desde sempre, ou pelo menos de que me lembro. Quando nem ao mesmo beijar na boca eu podia. Sempre tive essa mania de super valorizar qualquer sentimento, ou qualquer inicio de paixão. Acho que entrei muito de cabeça na história de encontrar um príncipe encantado.
Todo sentimento novo, mesmo que fosse a velha e conhecida paixão. Eu fazia questão de ignorar, de tentar acreditar que era diferente, que dessa vez daria certo. Que eu casaria, e viveria feliz para sempre, numa casa nas montanhas cercada de filhos (ou não).
Não sei se com você foi diferente, talvez não. Planejei namoro, noivado, casa e possíveis nomes de filhos. Enquanto o professor insistia em fixar seus olhos em uma carteira qualquer de alguém que provavelmente estava prestanto atençao, em alguma teoria criada há séculos. Eu não ligava.
Sempre foi mais divertido pensar em você do meu lado, mesmo que fosse me chingando por querer um azulejo escandaloso de mais para o banheiro de visitas. Minhas amigas perderam a graça de me acordar, por que eu não dormia, apenas sonhava. Acordada.
Acordada demais para me dar conta que sonhar tão alto, traz um tombo muito maior. Meu tombo sempre vinha com o sinal, ou com alguém me cutucando pra ter companhia pra ir a cantina. Não gostava mais de mim, gostava de nós.
Gostava da aula, da sala, do professor da teoria mais chata que nunca prestei atenção. Gostava de nós dois, juntos. Mesmo que fosse na minha distração, movida por Piérre Lévi ou Artaud, ou por qualquer outra coisa que pudesse me levar pra longe de mim.

sábado, 26 de junho de 2010

Esquecida?


Ela havia se esquecido de pensar.Há muito tempo não pensava, simplesmente não queria. Pensar pra que se jurava já ter tudo que queria?

Esqueceu de lembrar do médico, do trabalho, do compromisso, da irritação. Não pensava, nem nela, nem nos outros. Seguia, sem pensar. Deixou de lado o que antes importava, e passou a pensar no que achava importante agora.

Iria seguir buscando a felicidade, não importa qual fosse. Buscava a felicidade nos outros, e não nela mesma. Achava que um namorado faria a diferença, e se um não fez, por que não tentar com mais dois ou três?

Continuava se esquecendo, se esquecia da beleza, enquanto se escondia atrás de corretivos, blush e óculos escuros. Ligava sempre o som no máximo, pra não lembrar de pensar enquanto passava pela rua que havia morado, ou pela rua que passou no dia que decidiu parar de pensar.

Esquecia carteira, celular, bolsa, cartões, onde quer que fosse. Esqueceu seu coração em alguma esquina quando quis beber pra esquecer. Esqueceu quem era junto com o celular, no banco de uma boate qualquer.

Ela simplesmente já não lembrava, que podia ser feliz por ela mesma. Esqueceu que tinha tudo pra sorrir mas preferia não lembrar. Ela já tinha medo de sorrir.

Conselho pra que?


Alguns já devem ter percebido, que há certo tempo os textos desse blog, não andam tendo muito haver com o seu nome.

Quando resolvi cria-lo estava em uma fase de textos românticos, em segunda pessoa e por aí vai. Há algum tempo isso mudou, então por que não mudar de blog?

Está feito, pessoas mudam, pensamentos mudam, tempo passa, o blog muda. Quanto aos textos românticos e mais dramáticos, esses continuarão sendo publicados aqui. Mas a maioria, que são os textos mais pessoais e de opinião estarão no meu novo blog o “Desaconselhando”.

Não pense em abandonar esse e só seguir o outro, como eu disse as coisas mudam, e nunca se sabe o que você vai querer ler. Para entender mais sobre esse novo projeto(?) clique aqui.

http://desaconselhando.blogspot.com

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Crise


Sabe quando eles dizem que depois de uma crise, vem sempre a ascensão?

Não, whatever. É isso que eu aprendi. Todos nãos aprendemos, quem não sabe que depois de uma briga o namoro melhora, o beijo melhora, o sexo melhora. É assim, como se fosse uma regra do mundo, da vida.

Países brigam, entram em guerra. E depois vão, recuperam suas economias os presidentes marcam um aperto de mão simbólico e o mundo jura que isso significa paz. Regra, não excessão.

A hora de se preocupar é quando o país está rico demais, bem demais, mandando demais. Não sei se sou pessimista, mas acho que o mundo impõe essa "regra de equilíbrio", nada é perfeito, bom, ou completamente ruim. Compensação, é essa a palavra.

Há compensações por todos os lados, o preço da cenoura subiu? Calma, o preço da abobora caiu. É sempre assim, mas a gente sisma de ver só o ruim né, então nos concentramos no altíssimo preço da cenoura, e lamentamos.

Brasileiro só pensa que o Dunga é um péssimo técnico, que convocou fulano e não ciclano. Ninguém lembra que o técnico da Argentina é o Maradona. Sempre tem alguém pior, ou sempre há algo melhor pra pensar. A seleção está uma merda? Mas você ainda não deciciu em quem votar. Viu, tem coisas não melhores, mas mais importantes para pensar.

Não sou excessão, sou regra. Provavelmente a mídia fez alguma lavagem cerebral em mim, e eu ando sofrendo com a copa também, anotanto placar dos jogos, e desesperada pelas últimas míseras figurinhas do albúm.

Crises são grandes, dão medo. A vantagem é que você sabe que ela vai passar, e provavelmente você irá tirar uma boa lição dela, e sairá melhor. Sem pessimismo, você não vai passar o resto da vida em baixo das cobertas, a sua tpm vai acabar, e por mais que você odeie vai ficar super feliz ao menstruar. Crise, deveria ser sinonimo de vida, sei lá, eu acho.
Voltando à história da crise e da ascensão, reparou que o preço da cenoura deu uma abaixada ?

domingo, 30 de maio de 2010

Confie no cristal


Quando esquecemos o valor da confiança, tem sempre uma maldita hora que ela resolve nos lembrar. Outro dia fui ao supermercado na esquina da minha casa. Como pelo menos três vezes por semana vou lá, e peço sempre a mesma quantidade de sushi. Neste dia inesperadamente o sushi man me fez uma pergunta estranha;

“O de sempre?”

-Sim, por que.

“20 minutos está pronto!”

-Mas ainda nem escrevi o pedido!?

“8 sushis de atum, 8 de camarão, 8 makis de atum, 8 de camarão, e quatro de polvo. Certo?”

-Sim

“Então, 20 mim você desce.”

Ok, eu confiei, deixei por carga da bendita memória daquele Sushi Man, o meu santo pedido. Acho que ele deve ter percebido que, eu morava no prédio logo em frente, e que descia pontualmente na hora que meu pedido estava pronto. Em 20 minutos estava eu, feliz, com meu pedido certo na mão.

Um dia minha mãe me contou, que confiança é como um cristal, que após quebrado, você pode até colar, e tentar concertar, mas ele nunca mais será o mesmo. Desde nova quando minha mãe me contou isso, prezo para que esse pequeno cristal que entrego a quem gosto, não se quebre.

Mesmo assim outro dia percebi que a confiança, é um cristal que poucas pessoas carregam por aí. Sei que muito poucas deixariam o pedido do sushi por conta daquele sushi man. Poucas se importariam com o tal cristal, e nem mesmo sabem que ele existe.

Esqueci-me de contar como esse cristal é valioso, ele não é importante apenas para sushis, mas para todas as relações humanas. Adolescentes de 14 anos provavelmente irão parar de ler esse texto nesse momento, mas se têm alguém que têm um cristal quase inquebrável, é o da confiança das mães.

Existe confiança maior, e mais regeneradora que a de uma mãe?

Com certeza você, quando tinha seus 14 anos brigou com sua mãe, prometeu nunca mais perdoá-la, se arrependeu e achou que ela nunca mais te perdoaria. Errou, ela ficou chateada, provavelmente chorou, mas te perdoou no final, e a confiança se reconstituiu, miraculosamente.

Se alguém conhecer alguma convivência sem confiança, por favor me conte, pois não acredito, muito menos conheço nenhuma.

Sei bem por que comecei esse texto, mas não acho que tenha tanta relevância assim. Acho apenas que comecei a dar valor às pequenas coisas que possuo. Como aquele cristal pequeninho que deixei com quem eu amo por aí.

Se você achar, cuide bem dele.
Por favor, e obrigada.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Indeferido


Outro dia indeferi ao tempo três coisas. Ele me disse que elas eram difíceis, e que provavelmente, eu não conseguiria indeferi-las. Resolvi arriscar, escrevi uma carta bem explicada, separei em tópico explicativo cada uma das três coisas, para que não houvesse confusão.

"Senhor tempo,
Estou aqui hoje pra esclarecer as coisas entre a gente. Chega de me mandar mensagens implícitas pelo relógio, pelo dia que acaba ou pela noite que começa. Vamos esclarecer as coisas entre nós, ou eu nunca ficarei plenamente feliz.

1.Não irei mais receber saudade.

Ela não me faz bem, e geralmente você faz questão de trazê-la. Não quero saudade de tempos bons, por que esses quando bem vividos não deixam saudade. Não quero saudade de quem morreu, por que essa saudade não cura, ela amargura, inflama, ela dói e depois você ainda faz questão de não querer levá-la embora. Não quero saudade triste nem saudade feliz, quero o presente, e esse requerimento não deve ser entregue ao senhor.

2. Não quero mais tantas mudanças.

Convenhamos, estou chegando aos 20, e depois disso, dizem que você não faz nenhuma paradinha, sai correndo com os anos, e nos leva sem ver. Quero aproveitar, pode até passar rápido, mas não aceito minhas mudanças físicas. Deixe a gravidade pros 70, a artrite pros 80, a chatisse pros noventa. Deixe as mudanças pra quando elas não fiçam tanta diferença, por enquanto mantenha meu corpo, conserve-o. Esqueça que tem que trazer meu primeiro fio branco, ou meu primeiro sapato ortopédico.

3. Desisto de acreditar que você não passa.

Sei que já tentou me convencer disso várias vezes, mandou mensageiros vizinhos, fotos, gravações, mas eu não acredito. Pare de achar que sou boba e estou me convencendo de que você vai demorar a passar, sei que quando eu ver já terá passado. Eu não acredito mais em você, desista de se esconder de mim, sei que está ai, e vai continuar.

A gente pode fazer um acordo, como diria o sábio Mario Lago; Se você não me perseguir, eu não fujo de você, quem sabe uma hora a gente se encontra?

Beijo
Juju"

Carta escrita em um dia qualquer, quando o tempo me lembrou que eu havia me esquecido dele, e resolvi de uma vez por todas esclarecer as coisas.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Parei pra pensar.


Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém.

John Lennon

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Independência?


Desde nova, como a maioria das crianças entrando na pré adolescência eu pensava algo semelhante à: “Com 18 anos vou entrar na faculdade, vou me mudar, vou morar sozinha, talvez eu divida o apartamento com minha melhor amiga, vou arrumar um emprego e vai ser tudo lindo.”

Fiz 18 anos e nada (digo NA-DA) disso aconteceu, comemorei meus 18 entre amigos, na casa que fui criada por meus pais, e lá permaneci. O emprego, deixei pra depois já que a faculdade por si só andava ocupando demais minha cabecinha. Segui assim, até que minha mãe no auge de sua criatividade, ou insanidade melhor dizendo, resolveu que mudaríamos todos. Pai, mãe cachorros e irmãos. Mal sabia eu, pobre e inocente que isso era apenas um Plano, plano esse que ainda não descobri o fundamento.

Me deparei ha mais ou menos uma semana, morando sozinha. Na verdade com meu irmão, mas este sendo mais novo, dá na mesma que sozinha. Nos primeiros dias meu simples apartamento se resumia em: três camas (uma para caso minha mãe ou pai resolvessem dormir aqui), um pacote de Doritos, duas Ruffles, um pacote de biscoito recheado, uma barra de chocolate pela metade, e uma coca-cola (quente).

A geladeira chegou três dias depois, quando minha mãe mandou uma remessa de móveis para a casa, nessa remessa ela, muito generosa, ainda mandou várias comidas por ela preparadas, congeladas. Continuei na mesma, já que não havia fogão muito menos microondas. Me sentiria no século XIX, se não fosse pelo supermercado em frente, ou pelos self-services próximos.

Outro dia tive de ir ao supermercado, pois no desespero de limpar a casa, descobri que além de não ter uma bucha para no mínimo lavar a louça, eu não possuía uma pá de lixo para varrer a casa. Sem contar nos produtos de limpeza, que alguns dos que minha mãe havia trazido, cerca de 40% eu não sabia em que, nem como usar.

Minha conta de telefone ainda não chegou, mas meu medo aumenta a cada dia, por saber que ele é meu único meio de contato com pais, amigos e namorado. Por conta da saudade já imensa da minha mãe, a chance da conta ultrapassar os 3 ou 4 dígitos tem aumentado muito, pois conversas banais durante o dia tem sido normais e quase interruptas.

Meu namorado adquiriu novas qualidades e características com minha mudança, ele anda pensando seriamente em um emprego como carregador, ou faxineiro pras horas vagas, e devo garantir que ele está bem treinado. Além de novas experiências profissionais para seu currículo, ele ainda adquiriu uma nova vizinha.

Não sei de que esse meu relato pode servir para alguém, você pode estar sentado diante do computador rindo dessa pessoa aqui, que deve ter emagrecido uns dois quilos em uma semana. Pode estar se questionando como alguém é louco de fazer algo assim. Ou pode repensar, em cada vez que chegar em casa e seu almoço estiver pronto e quentinho te esperando, pode pensar em como é bom ter um banheiro limpo sem ter tido que limpá-lo, pode começar a até mesmo dar mais valor no boa noite que seus pais te dão ao ir dormir.

Eu estou à exatos 27 km e 234 metros da minha casa de verdade, esse trajeto tem sido percorrido por mim, quase todos os dias, mesmo com a mudança, e por enquanto, não pretendo parar de fazê-lo.

sábado, 3 de abril de 2010

Looking for something


Outro dia acordei procurando, não me pergunte o que, o por que ou como isso surgiu. Mas acordei com uma intensa vontade de procurar. Abri meu guarda roupa e me deparei com uma bagunça que eu ainda não fazia idéia que estava ali, procurei enquanto arrumava, achei minha blusa preferida de três anos atrás. Achei meu uniforme da pré-escola, e me deu vontade de chorar ao ver que nem na minha sobrinha serve mais. A, o tempo. Continuei procurando.

Vi que minha calça jeans desbotada, e favorita no primeiro ano do ensino médio provavelmente não passaria das minhas coxas. Tudo bem, eu nem queria usar mesmo, ia me deixar um tanto quanto pirigueti. Continuei minha procura.

De repente me deparei com vidros de perfume, maquiagens, esmaltes, cangas, brincos, esteticamente, e perfeitamente e organizados. Não, eu ainda não havia achado nada que me saciasse. Procurei na minha mesa, entre gavetas com antigas cartas, recibos, contas, bilhetes trocados com a melhor amiga na 7ª série, risos e meias lágrimas, mas sem saciação.

Deixei a mesa mais desorganizada do que antes, e passei pra sapateira. Caixas de sapato jogadas pelo quarto, enquanto eu desfilava de salto e pijamas, na frente do espelho, me alegraram um pouco. Mas relevei minha bagunça em nome da minha procura. Eu simplesmente não achava.

Debaixo do colchão, na gaveta da cômoda, caixa de jóias da minha mãe, armário de documentos do meu pai, escrivaninha do irmão, nada. Me deu vontade de chorar, de correr e sentar na chuva lá fora. Eu havia visto tanta coisa, era tanta vida, tanta história, e eu ainda me sentia vazia. Me culpei.

Me culpei em todos os segundos em que pensei me sentir vazia, me culpei a cada minuto que procurei, me culpei quando te vi chegar, me abraçar e me dizer “Oi linda”.

Me culpei por procurar, mesmo sem saber, algo indefinido, na vaga esperança de achar alguma coisa que substituísse sua ausência.

terça-feira, 23 de março de 2010

Blá, blá, blá

Há um ano eu a achava quieta, calada, séria, e comportada. E hoje estou ouvindo lobão com vontade de dançar, igual ela faz enquanto dirige.
São assim que as coisas que devem acontecer, acontecem.
Atualmente eu sei, ela não é quieta, muito menos calada. Ser séria e comportada seria uma ótima figura de linguagem.
Eu nunca consigo acompanhar seu raciocínio, principalmente quando trata-se de homens, sujos por sinal. Ela é linda, Patty, fresca e mimada, mas eu sei, se eu quiser arrumar um companheiro, ele tem que ser inicialmente, sujo, ou pelo menos aparentar. Pois é, toda princesinha adora um plebeu. Até o velho conto de fadas se urbaniza no final das contas.
Amizade é exatamente isso, você sabe exatamente os piores defeitos de quem está ao seu lado, conhece, mapeia e prevê. Mas eles não distanciam, eles aproximam, e fazem com que amemos cada vez mais.

(...)Não dá pra controlar, não dá pra planejar. Eu ligo o rádio e blá blá, blá blá blá. Eu te amo.

Para ouvir: Lobão - Blá, blá, blá eu te amo.

terça-feira, 16 de março de 2010

Relacionar

Re.la.ci.o.nar (lat relatiore) sf 1 Listar, rol. 2 Ligação, vinculação. 3 Relacionamento. 4 Analogia, semelhança. 5 Mat Razão geométrica. sm pl Convivência, freqüência social trato entre pessoas; parentesco. Relações Humanas: Comportamento do individuo em seu contato com as pessoas. Relações públicas: intercambio de informações, entre uma instituição e sua clientela. Relações sexuais: cópula.
(Michaelis: dicionário prático da língua portuguesa. – São Paulo: Editora Melhoramentos, 2001.)

É muito simples, e qualquer pessoa com um nível de conhecimento básico, sobre significados, palavras e dicionários consegue achar a definição exata de relacionar. Na verdade minha sobrinha de 6 anos fez o favor de achar, e me ditar o significado acima. Mas na prática significados não costumam valer muito, devo dizer ainda que valem menos ainda quando se trata do significado de relações humanas da coisa, mais ainda no seu lado relação amorosa de ser.

Se interpretarmos as relações pelo seu lado lógico, é muito simples perceber que relações possuem um inicio, meio e fim. Pessoas se conhecem se gostam, ficam juntas, se relacionam, não dão mais certo, se cansam, e deixam de se relacionar. Geralmente ao final de um desses ciclos, essas mesmas pessoas costumam jurar que não se meterão nessa encrenca de “Relacionar” com outras pessoas. Mas elas são humanas, e tempos depois de não estarem se relacionando, querem voltar a relacionar, e começam tudo de novo.

Pode-se dizer que relacionar resume-se à convivência, trato ou parentesco, mas todos sabem que não é apenas isso, relacionar-se exige muito mais de uma pessoa do que se pode caracterizar, e é por isso que a maioria jura nunca mais se meter nessa encrenca relacional. Juram que nunca mais irão chorar, sentir falta, estar junto, e querer outro alguém, mas quando percebem, estão indo ao cinema, tomando Milk shake, esperando um dia de chuva pra comer pipoca, estão ficando, estando, namorando, se relacionando.

Nada é tão simples quanto um significado de dicionário pode dizer, sempre que procuramos ser lógicos de mais, é quando sabemos que estamos nos perdendo em nosso inconsciente irracional. Buscamos respostas, explicações e qualquer coisa que justifique o nosso comportamento divergente de certo tempo atrás. Pessoas costumam aprender com relacionamentos anteriores e aplicar essa lição nos novos o que facilita muito o ato de relacionar (ou não).

Relacionamentos são assim, não queremos, mas precisamos, por isso desejamos sempre que eu relacione, que tu relaciones, que ele relacione, que nós relacionemos, que vós relacioneis, que eles relacionem e que toda essa coisa de relação, seja mais fácil do que decorar passados, presentes, perfeitos, indicativos e subjuntivos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sobre aumentos, investimentos e lingeries

Outro dia a Fernanda* minha amiga me disse que seu namorado o Pedro* recebeu um aumento de salário. Para comemorar ele pegou a Fe em casa, e levou-a no Motel mais famoso da Cidade, comprou uma garrafa de champanhe e deixou que ela escolhesse o que queria comer. Ela me contou super feliz que achou uma gracinha e que isso tinha deixado-a muito mais apaixonada, que havia sido uma noite linda, e que mal poderia esperar por um próximo aumento.

Algumas semanas depois outra amiga a Luana* veio me contar sobre outro aumento de salário, dessa vez o dela. Já me adiantei perguntando como havia sido, ou seria, a comemoração. Muito mais empolgada que a Fernanda ela começou a me contar seu dia.

Após receber a notícia de sua promoção no emprego, como já estava no final de seu expediente, ela se arrumou e foi para o carro, resolveu que não ligaria para ninguém, afinal, nem sua própria ficha havia caído. No caminho de casa percebeu que não era pra casa que ela queria ir, mudou a rota. Depois disso disse que só se lembra de estar entrando na loja deslumbrada com aquela bolsa perfeita que se destacava na vitrine. Resumindo, a comemoração do aumento de salário da Lu, foi a primeira das seis prestações da bolsa “mais perfeita do mundo” nas palavras dela.

Já há alguns dias eu venho tentando processar esse excesso de informação salarial, é demais pra mim. Ver a felicidade simples do Pedro em compartilhar sua conquista com a namorada me fez questionar a Lu. De que vale um aumento se nos próximos sei s meses você não vai ter nem notícias dele?

Mulheres. Não há outra explicação que seja mais adequada do que essa, não é consumismo, descontrole nem excesso, ouso dizer que é apenas nossa natureza. Sei bem, que mesmo depois de ficar no talvez auge de sua felicidade, dificilmente a Fernanda gastaria seu aumento com alguma coisa diretamente ligada à seu namoro. Não que ela não o ame, nem que não queira dividir sua felicidade. Ela faria isso apenas inconscientemente. Poderia chamá-lo para jantar e talvez até pagasse o champanhe, mas com certeza seu aumento estaria investido no par de sandálias que ela estaria usando durante o jantar ou no perfume novo.

Nesse momento, vocês homens estão me xingando mentalmente. Provavelmente de feminista, mal amada ou consumista, mas acalmem-se. Se sua namorada receber um aumento, e gastá-lo com um vestido novo, ela não está te amando menos por isso, pelo contrário. Ela está querendo ficar linda para você.

Nós não devemos sentir muito, se o nosso primeiro pensamento quando recebemos dinheiro não é o pagamento do motel. Por que sabemos que nosso primeiro pensamento é na verdade a lingerie nova que vamos comprar.

É a vida, homens XY, e mulheres XX, o que impressiona é que não vivemos uns sem os outros. E dessa maneira continuamos assim, vocês homens pensando no motel, e nós nas lingeries.

*nomes fictícios para preservar as identidades.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Como eu quero

Querido,

Você não se lembra da roupa que eu estava quando nos conhecemos, tudo bem, não lembro da sua também. Me esqueci de te dizer que tinha adorado a noite naquele dia, esqueci também de te dar um beijo longo e demorado de despedida. Outro dia fiquei feliz, quando você lembrou-se do tênis que eu estava usando, e quando disse que eu havia acertado e que estava linda.

Eu não me importo com isso ou aquilo, com passado ou futuro, esqueci de fulanos e ciclanos enquanto você dizia que eu continuava linda com minha franja molhada. Confesso que já tinha te visto pelos corredores por aí, devo confessar também que os planos da minha amiga nos apresentar sempre existiram.

Você me mandou um beijo, eu mandei um abraço. E assim começou. Entre beijos, carinhos e conversas te perguntei se você estava feliz, e se quer saber, eu quero pra sempre esse seu sorriso do meu lado, igual o que você deu quando me disse sim.

Atualmente, cinemas, pipocas, brigadeiros, bolinhos, ketchup e refrigerante tem me engordado e me feito feliz. E se quer saber, eu não me importo de continuar engordando com você!

Um Beijo da sua gorda.

Carta de uma pré-adolescente no auge de sua paixão, quando as calorias de um novo amor ainda são lindas.

Para ouvir: Kid abelha - Como eu quero

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Tempo, tempo mano velho...


E um dia, depois de muito, muito tempo você se dá conta que acabou. Finais e mudanças são sempre difíceis e exigem sempre uma aceitação que na maioria das vezes nunca é imediata. Nunca vai ser fácil aceitar que a sua melhor amiga do primário mudou, não é mais com ela que você vai ir ao shopping, chegará às 13 horas e poderá sair às 18, já que naquele dia sua mãe havia resolvido aumentar em meia hora seu prazo, por que o cinema seria longo. As duas notas de dez reais que antes davam pro cinema, pipoca, Mc Donalds, e ainda pra tomar uma casquinha, hoje pagam seu cinema, e se você der sorte a pipoca também.

Sua amiga não está mais presente no seu cotidiano, e não te liga mais com tanta freqüência. Você ainda a considera amiga, mas sabe que daqui alguns anos quando se encontrarem no corredor estreito de um supermercado serão apenas conhecidas.

O tempo demora, mas faz sua parte. A dificuldade em aceitar as mudanças só pode ser curada, ou trazida por ele. Depois de certo tempo, é que você vai perceber que falar do seu ex-namorado não te aflige, e nessa hora é que você percebe que ele ser seu ex-namorado é apenas um título que não carrega consigo nenhum sentimento.

Como eu já disse mudanças são difíceis, muitas vezes elas começam sozinhas, sem que possamos perceber, o que faz de sua aceitação ainda mais demorada. Mas a mudança que tem de vir de você, essa sim é a mais difícil, porque você tem de aceita-la antes que ela comece. Você tem que ver os prós e os contras, e saber que tem de fazer o certo mesmo querendo deixar os contras da situação atual, como estão.

Se é difícil aceitar que sua amiga deixou de ser sua amiga há muito tempo, é mais difícil ainda aceitar que sua amiga não é a amiga que você pensava há muito tempo.

Abandonar os brinquedos velhos dói, pela simples lembrança de como um dia eles já nos fizeram felizes. Dói mais ainda abandonar a calça jeans um número menor que você jurou nunca deixar de usá-la.

O número da calça jeans por sorte, talvez um dia volte a ser aquele dos seus 16 anos. Talvez alguns dos seus brinquedos você resolva guardar pra se um dia tiver filhos, e caso eles não venham, poderão alegrar sobrinhos ou primos.

Um belo dia você vai se deparar casada, com dois filhos, se matando pra ter tempo de pensar no almoço e na roupa que tem pra lavar. Você só vai se lembrar do antigo plano de comprar um apartamento na zona sul, de dois quartos, com uma área de lazer enorme, e uma cozinha gourmet em algum dia quando o almoço queimar, ou a máquina de lavar estragar. Mas você vai ver sua casa, seus filhos, suas conquistas, e mandará a máquina para o concerto, ou levará as crianças pro shopping.

Nessa hora você olha á sua volta e percebe que prós e contras sempre existem só nos resta saber, quando e quais deles escolher.

Mas de todo jeito, procure olhar os prós, quanto aos contras deixe que o tempo resolva.

Para ouvir: Pato Fu - Sobre o Tempo

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ragga Drops



No Estado de Minas de hoje no caderno Ragga Drops saiu a definição de "namorado chimpanzé", um trecho do texto Namorado(os) !
Fiquei super emocionada com a repercusão! ( OI? To me achando!)
To famosa Mãe!
HAHAHAHAHAHAHAHA


Obrigada, Bernardo Biagioni do blog Tempos Estranhos!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sem razão


Nos últimos dias andei pensando nos conselhos que ando dando ás minhas amigas. Desde sempre tenho uma visão muito realista quando se trata de relacionamentos, minha mãe diz que é por que amadureci cedo demais, e ela nunca quis me esconder à verdade das coisas. Não que eu seja um guru espiritual quando se trata do relacionamento alheio, mas devo confessar que minhas previsões ainda mais se tratando do comportamento masculino, não costumam errar.

Tentei outro dia aconselhar um amigo que andava realmente sofrendo por amor. É de cortar o coração ver um homem alto, bonito, carismático e gentil, se lamentar por não ser o cara certo para a mulher em questão. Confesso que meus conselhos não foram os melhores, acho que ando entendendo quando os homens dizem que nós mulheres somos muito difíceis. Homens são mais previsíveis.

Uma mulher sabe exatamente quando um cara está levando-a a sério, pelo modo dele agir com os outros, se ele a apresenta como fulana pros amigos, e a larga de lado pra pegar uma cerveja é completamente diferente dele dizer o mesmo “fulana” enquanto a olha com cara de estar diante de um troféu, que ele ainda demonstra quase não acreditar merecê-lo.

Os homens ainda não aprenderam a magia da linguagem corporal, nós mulheres sim. Pode-se perceber o humor de um homem pelo simples gesto de dar as mãos, a mulher não, ela sabe esconder. O problema feminino quando se trata de relacionamentos, vem quando se trata da razão. As mulheres têm o terrível defeito de deixá-la na porta quando resolvem entrar em um relacionamento.

Voltando ao assunto dos conselhos que dei à minha amiga outro dia, eu estava indignada na forma dela ver o próprio relacionamento, sem razão ou lógica nenhuma. Não é culpa dela, gostar do namorado cachorro que ela arrumou a algum tempo, assim como não é culpa dele não saber gerenciar seus próprios sentimentos, um velho problema masculino.

A vontade de manter o relacionamento, fez com que minha amiga se esquecesse das técnicas femininas milenares de conquista. E mesmo com toda minha indignação e dureza na hora de dizer-lhe a verdade, sei que ela desligou o telefone, pensou um pouco e sem que percebesse esqueceu-se de tudo que eu falei, ao receber uma mensagem melosa. Ela se esqueceu de ser difícil na hora da briga, de ser frágil quando perdesse os argumentos, enfim a razão dela tinha ficado do lado de fora da porta ha muito tempo.

Nós mulheres precisamos de um equilíbrio entre razão e emoção, e quando nos esquecemos disso geralmente nos tornamos chatas. Não haveria conquista, charme, sedução, se não houvesse a razão unida à vontade de conseguir o homem desejado.

Os homens também precisam de um pouco de razão quando se trata de gostar, a diferença é que eles a abandonam antes mesmo de passar pela porta do relacionamento, creio que ela fica junto do carro estacionado a uns cem metros dali. Por isso nós mulheres necessitamos ainda mais do nossa lado racional, já que ele é o único que está presente no relacionamento.

Ainda não sei se minha amiga recuperou sua razão, e resolveu utilizá-la para reestruturar seu relacionamento, ou se resolveu deixá-la quieta ao lado do tapete de entrada. Sei que ando me achando racional demais ultimamente, e não acharia nada ruim um tapete escrito “boas vindas” para aconchegar minha razão por uns tempos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Qual vai ser o pedido?


- Eu quero mais intensidade e menos conseqüência. Quero menos eu, menos você. Quero mais nós. Quero um dia dormindo e três na folia, cheiro de areia, açaí e maresia. Quero um porre filmado, e um pouco de amnésia.
Quero uma noite com as amigas, e um dia pra recordar. Quero cicatrizes pra não esquecer. Quero menos encheção de saco dele, dela e daqueles três. Quero esquecer de mim mais uma vez.
Quero lenha na fogueira e batata doce pra assar. Quero bambu, quero funk. Quero ter história e não lembrar.
Quero estrela cadente. Quero me desligar do mundo por um dia ou dois. Quero deixar pra te atender depois.
Quero mais carinho e menos falta de atenção. Quero te dizer sim, mesmo querendo dizer não.
Eu quero rir da saudade e esquecer que ela existe. Quero lembrar do por do sol com as amigas, pra esquecer dias tristes.
Quero ficar bêbada e ligar pra quem não deveria. Quero ficar bêbada pra esquecer o que eu não queria.
Eu quero praia com amigas, quero mais diversão. Quero menos problema e mais solução.

- A srtª deseja mais alguma coisa?

- Uma dose de desapego, e duas de paixão.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Namorado(os)


Outro dia em uma conversa descontraída de madrugada com minha melhor amiga, descobri que podia classificar meus ex namorados, com associações animais. Achei genial e comecei a expandir minha tese. Baseando-me em experiências de amigas, comecei a fazer uma lista que provavelmente irá crescer ao longo do tempo. Resolvi compartilhar com o mundo a genialidade da minha tese, e coloquei algumas das classificações aqui;

O namorado “Panda”
É aquele namorado que você tem vontade de pegar no colo. Geralmente você o encontra filhote, dá mamadeira, cuida o vê crescer. Seu amor por ele é na verdade o materno. Mas o Panda como todos de sua espécie, não apenas por estarem em extinção, precisam voltar para seu habitat, é uma separação difícil pois não foi só você que se apegou ao panda ele também se apegou a você. E pior, ele pode jurar que a sua sobrevivência depende da sua presença, o que você sabe que não é verdade. Só resta a você solta-lo na selva e FUGIR.

O namorado “Pitbull”
É aquele namorado que costuma ser dócil com a família e amigos e principalmente com você. Apesar de dócil você sempre tem que torcer para que não haja nenhum desentendimento com alguém que você faça questão de conviver, pois sabe que se houver, terá que desistir de qualquer contato, pois nem a fucinheira irá funcionar nesse caso. Passeios a lugares movimentados ou muito cheios com dificeis saídas de emergência com esse tipo de namorado são arriscados, procure sempre locais abertos, arejados e pouco movimentados, mas nunca se esqueça da fucinheira.

O namorado “Sapo”
Não, esse namorado você não vai beijar e virar príncipe. Você vai beijar, beijar de novo e de novo. Vai ficar aí, sempre esperando que ele vire algo que não é.

O namorando “Chimpanzé”
É o namorado que gosta de todo mundo, e todos gostam dele. Ele irá se entrosar facilmente com sua família, e conquistará seu grupo de amigos mais rápido do que você imagina. Ele é engraçado, conversador e bem palhaço. O namorado chimpanzé é do tipo que curte tudo, topa qualquer programa, ele não é do tipo ciumento a não ser em casos extremos. O maior problema do namorado chimpanzé vem por causa de sua maior qualidade, você pode se sentir sufocada por sua família e amigos sempre o defenderem. E uma hora pode se cansar das macaquices que ele faz para chamar sua atenção.

O namorado “Boi”
É o tipo de namorado difícil. Ele é cabeça dura e sempre te convencerá que está certo em tudo. Ele não tem nenhuma paciência, ou estratégia e calma para lidar com as coisas, se não for do jeito dele ele irá apenas passar por cima. O acessório chifre, deve-se principalmente por seus defeitos, e nessa espécie será muito difícil encontrar um que não possua.

O namorado “Bicho preguiça”
Você olha pra ele e associa-o a um bichinho de pelúcia. Tem vontade de brincar, de amassar e de dormir juntinho. Ele sempre vai estar disponível pra você, e ter todo o tempo do mundo para o namoro. Mas não se engane a parte preguiça no nome faz jus a esse tipo de namorado, não espere saídas, encontros com amigos, ou passeios de casal. Para o namorado “bicho preguiça” o que importa mesmo são dias seguidos sendo feito de bichinho de pelúcia.

O namorado “Leão”
De longe todos que olham vão pensar “nossa ele deve tratá-la igual uma rainha”. Provavelmente quando saírem ele irá abrir-lhe a porta do carro, irá puxar a cadeira e te dar uma rosa. Você vai olhar toda sua pose e seu charme e jurar que encontrou seu príncipe encantado. No começo o processo, carro, jantar e rosas, será lindo e constante. Mas de repente você irá se ver no papel de leoa indo à caça. Comprando o jantar, a cerveja e servindo para ele enquanto ele vê o futebol. Nessa hora considere-se a rainha da selva.

O namorado “Coelho”
Ele é lindo, fofo, e você quer ficar com ele a todo instante. Esse desejo deve-se não somente ao amor que você jura devotar por ele, mas também à certeza de que qualquer descuido pode significar a investida dele com outra coelha. Não que ele não te ame, e queira estar com você a todo tempo, mas o instinto nesse caso fala mais alto.

O namorado “Golden Retriver”
É o namorado que você vai olhar de longe e vai pensar “Nossa.”. Você vai achar que ele é perfeito, lindo, e vai até ter medo de se aproximar. Mas uma hora vocês irão se conhecer, e você vai ver que ele não é só aquilo que aparenta. Além de lindo, ele é legal, amigo e companheiro. Ele pode te irritar com as palhaçadas e brincadeiras na sua TPM, mas elas sempre irão te alegrar. O namorado Golden Retriver pode dar trabalho por sua beleza, e você provavelmente terá ciúmes devido à fácil interação dele com outras mulheres.

Muitos namorados podem não se encaixar em apenas uma classificação, cabe a você combinar as qualidades de cada espécie na busca de uma evolução biológica digamos assim. Tente não combinar defeitos, pois assim você pode gerar um namorado mutante destruidor de corações e isso não seria nada agradável para a nossa espécie.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sobre nãos


Como dizer um não. Apesar da mesma quantidade de letras do Sim, dizer o “não” muitas vezes não é uma tarefa fácil. O não carrega sobre si o peso ideológico, de não querer, não estar disposto, de não poder. Ele traz tantos “nãos” complexos, que se torna incompreensível como eles cabem em três letras. Além disso, o “não” tem o peso da conseqüência, a raiva de quem escuta, a tristeza, a saudade, o medo. Pois o “não” é acima de tudo a negação ao que lhe é pedido, imposto ou requerido.

Muitos “nãos” entalam na nossa garganta e simplesmente se recusam a sair, como dizer não à uma criança que tem se comportado bem, e não lhe deu motivos para um “não”. Não, não tem como. Você vai levar a criança ao cinema, lhe dar pipoca, Mc Lanche feliz, e levá-la ao brinquedo do parque mesmo lembrando que com um “não”, você já poderia ter terminado o quinto capítulo da sua monografia.

Outros tipos de “nãos” são os que vêm até a língua, onde são mordidos, não conseguimos mastigar, mas engolimos. São os “nãos” que não podemos dizer. Você não vai dizer não quando sua mãe pedir para lavar a louça, ou quando ela pedir para você dependurar a roupa que está na máquina de lavar. Não dá. Você vai engolir o “não” enquanto despede da amiga no telefone, ou enquanto diz pra dez pessoas no MSN que já volta que só vai ajudar sua mãe.

O “não” que você engole pela sua mãe, tem quase a mesma carga emocional, do “não” que você não pode dizer para seu chefe ou professor. Você não pode negar fazer o relatório semestral da empresa, ainda mais se você é estagiário, ou está em algum cargo semelhante. Você não pode dizer não a aquele trabalho final que vale 90% dos pontos do semestre. De novo engolimos nossos “nãos” sem pestanejar.

Há um tipo de “não” que pode ser considerado um dos tipos mais difíceis, o “não” sem motivo. O não que você vai magoar a pessoa, que você sabe disso, mas que precisa dizer. E nesse caso não há nada que te impeça de dizer. É o não para aquele amigo que precisa sair por que acabou de terminar, que realmente precisa de você, que precisa de uma balada, precisa extravasar e quer juntar tudo em uma coisa só. Mas você não está afim de baladas, você não está namorando, mas não quer ir pra balada, um barzinho até pensaria, mas você quer mesmo ficar em casa e assistir um bom filme. É claro que ele não irá entender, ele ficará estressado e desligará o telefone na sua cara. Quanto a esse não você fica tranqüilo por que sabe que na semana seguinte ele te ligará com uma proposta parecida, e quem sabe você irá animar.

Esse mesmo não tem uma versão diferente, é aquele não que você tem que dizer para a sua amiga que irá comemorar o aniversário num barzinho perto da sua casa. E de novo quase sem motivo nenhum você não quer ir, ela estará com amigos que você mal conhece, seu meio de transporte está meio precário, e de novo você só quer ver um bom filme. Dessa vez a voz no telefone não ficará mais alta, ou estressada, ela diminuirá e com um tom de decepção se despedirá. Sim, esse não irá doer no fundo do seu peito.

Agora vem o pior “não” a ser dito. É o não que você pensa mil vezes antes de aceitar a possibilidade de dizê-lo. É o “não” que dói mais que a amiga triste no telefone, que dói mais que dizer “não” a uma criança. É o não que você tem que dizer para você mesmo uma hora. Esse “não” é o que você vai negar até o último momento, muitas vezes não irá dizê-lo, e provavelmente irá se arrepender, e pensar que deveria ter dito. E não vai haver ninguém para lhe dizer que lhe avisou, só você mesmo.

Esse tipo de não é aquele que você tem que perceber se tem que dizer, e se perceber não podem negar em dizê-lo. É o “não” que você tem que dizer pra você mesmo quando percebe que a menina que está se envolvendo vai te fazer sofrer. Ela já fez outros caras sofrerem e você sabe, e você já está começando a sofrer só com a possibilidade de dizer não. Nessa hora, o não é imprescindível, a hora já está passando. É o não agora ou o sofrimento depois. E sabendo a dificuldade que é dizer não para si mesmo, provavelmente você irá ficar com o sofrimento para depois. É o mesmo não que você tem que dizer pra sua consciência quando ela pensa em confiar em um amigo que lhe fez mal, você sabe que ele não mudou, sabe que fará tudo de novo. E só tem uma coisa que pode fazer, dizer não.

O não é sim a palavra mais difícil de dizer, mais ainda de se ouvir.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Lágrimas


Na sociedade em que vivemos, as emoções são cada dia mais íntimas, e mais escondidas. Queremos sempre parecer felizes demais. Ser visto chorando é algo que pode muitas vezes acabar com uma reputação (que perigo).

Ainda lembro quando eu mudei de escola na 5ª série, e por incrível que pareça meu primeiro choro (quase) em público, foi digamos traumatizante. Após ser chamada de patricinha e filhinha de papai, eu fui pro banheiro chorar. Não sem antes acabar com a raça da gordinha que havia feito isso comigo. Ela se fazia de punk rock, comprava pulseirinhas na feira, usava símbolos de RPG que nem sabia o significado, e veio falar do meu tênis da Nike e da minha mochila da Kipling? Claro que eu não deixaria isso barato.

Após uma discussão colossal na frente de toda a turma ela saiu chorando em público, e aquilo para mim foi a glória. O que ninguém sabe foi do meu choro escondido na 3ª cabine do banheiro feminino do primeiro andar. Quando minhas amigas perguntaram disse que estava com diarréia. Mesmo tendo sido um choro escondido, a simples possibilidade de que alguém percebesse minha cara inchada, ou ouvisse meu choro me apavorava, ainda mais depois de ter visto como a minha rival foi criticada.

Esse é um bom exemplo de como sentimentos são cada vez mais reprimidos por vergonha da reação alheia. Eu preferi falar que estava com diarréia a dizer que estava chorando. Poxa. E olha que eu tenho vergonha de ter diarréia.

Nós sempre nos esquecemos de que a felicidade é um sentimento que não é pleno, nunca se é feliz sempre, nem triste sempre. Todos nós temos crises, temos tristezas, problemas, e alegrias simples, e não há mal em demonstrar isso.

Outro dia vi passando pelo corredor da faculdade uma menina chorando, eram 7 da manhã para alguém começar a chorar tão cedo, era algo grave. Meu instinto social insistiu para que eu preservasse a intimidade da garota, mas nesse mesmo momento meu lado humano falou mais alto. Eu me lembrei, de quantas vezes segurei o choro por vergonha, mesmo sabendo que em certos momentos eu precisava apenas de um abraço qualquer que fosse. Me aproximei e perguntei o que havia, ela disse que nada (bom era o que eu diria também). De qualquer forma eu falei para ela não ficar daquele jeito, que tudo passa, que com certeza aquilo passaria.

Nunca soube o que houve com a garota aquele dia, mas o singelo sorriso quando nos cruzamos no corredor me faz lembrar até hoje de como um gesto de carinho ainda é muito importante.

Mesmo sem TPM, ou sem problema nenhum, vai haver um dia em que você vai querer chorar, chorar muito. Por saudade de alguém que se foi, por saudade de uma época, por felicidade ou por assistir Um amor pra recordar (de novo). A vida é assim, lágrimas são normais, sorrisos cada vez mais freqüentes e raiva me causa enjôo, assim como a ansiedade. Não somos um poço de felicidade, nem de tristeza, variamos entre dias bons e ruins, mas isso não nos impede de viver. De receber um sorriso de um estranho ou de aconselhar um desconhecido triste. Muitas vezes o que nos entristece hoje nos faz feliz amanhã.

Depois de alguns meses eu e a gordinha punk-rock nos tornamos amigas, ela ficou menos punk e eu menos Patty. Até hoje rimos quando nos lembramos dessa história, mas até hoje não tive coragem de contar do meu choro escondido. É, certas coisas nunca mudam.