terça-feira, 23 de março de 2010

Blá, blá, blá

Há um ano eu a achava quieta, calada, séria, e comportada. E hoje estou ouvindo lobão com vontade de dançar, igual ela faz enquanto dirige.
São assim que as coisas que devem acontecer, acontecem.
Atualmente eu sei, ela não é quieta, muito menos calada. Ser séria e comportada seria uma ótima figura de linguagem.
Eu nunca consigo acompanhar seu raciocínio, principalmente quando trata-se de homens, sujos por sinal. Ela é linda, Patty, fresca e mimada, mas eu sei, se eu quiser arrumar um companheiro, ele tem que ser inicialmente, sujo, ou pelo menos aparentar. Pois é, toda princesinha adora um plebeu. Até o velho conto de fadas se urbaniza no final das contas.
Amizade é exatamente isso, você sabe exatamente os piores defeitos de quem está ao seu lado, conhece, mapeia e prevê. Mas eles não distanciam, eles aproximam, e fazem com que amemos cada vez mais.

(...)Não dá pra controlar, não dá pra planejar. Eu ligo o rádio e blá blá, blá blá blá. Eu te amo.

Para ouvir: Lobão - Blá, blá, blá eu te amo.

terça-feira, 16 de março de 2010

Relacionar

Re.la.ci.o.nar (lat relatiore) sf 1 Listar, rol. 2 Ligação, vinculação. 3 Relacionamento. 4 Analogia, semelhança. 5 Mat Razão geométrica. sm pl Convivência, freqüência social trato entre pessoas; parentesco. Relações Humanas: Comportamento do individuo em seu contato com as pessoas. Relações públicas: intercambio de informações, entre uma instituição e sua clientela. Relações sexuais: cópula.
(Michaelis: dicionário prático da língua portuguesa. – São Paulo: Editora Melhoramentos, 2001.)

É muito simples, e qualquer pessoa com um nível de conhecimento básico, sobre significados, palavras e dicionários consegue achar a definição exata de relacionar. Na verdade minha sobrinha de 6 anos fez o favor de achar, e me ditar o significado acima. Mas na prática significados não costumam valer muito, devo dizer ainda que valem menos ainda quando se trata do significado de relações humanas da coisa, mais ainda no seu lado relação amorosa de ser.

Se interpretarmos as relações pelo seu lado lógico, é muito simples perceber que relações possuem um inicio, meio e fim. Pessoas se conhecem se gostam, ficam juntas, se relacionam, não dão mais certo, se cansam, e deixam de se relacionar. Geralmente ao final de um desses ciclos, essas mesmas pessoas costumam jurar que não se meterão nessa encrenca de “Relacionar” com outras pessoas. Mas elas são humanas, e tempos depois de não estarem se relacionando, querem voltar a relacionar, e começam tudo de novo.

Pode-se dizer que relacionar resume-se à convivência, trato ou parentesco, mas todos sabem que não é apenas isso, relacionar-se exige muito mais de uma pessoa do que se pode caracterizar, e é por isso que a maioria jura nunca mais se meter nessa encrenca relacional. Juram que nunca mais irão chorar, sentir falta, estar junto, e querer outro alguém, mas quando percebem, estão indo ao cinema, tomando Milk shake, esperando um dia de chuva pra comer pipoca, estão ficando, estando, namorando, se relacionando.

Nada é tão simples quanto um significado de dicionário pode dizer, sempre que procuramos ser lógicos de mais, é quando sabemos que estamos nos perdendo em nosso inconsciente irracional. Buscamos respostas, explicações e qualquer coisa que justifique o nosso comportamento divergente de certo tempo atrás. Pessoas costumam aprender com relacionamentos anteriores e aplicar essa lição nos novos o que facilita muito o ato de relacionar (ou não).

Relacionamentos são assim, não queremos, mas precisamos, por isso desejamos sempre que eu relacione, que tu relaciones, que ele relacione, que nós relacionemos, que vós relacioneis, que eles relacionem e que toda essa coisa de relação, seja mais fácil do que decorar passados, presentes, perfeitos, indicativos e subjuntivos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sobre aumentos, investimentos e lingeries

Outro dia a Fernanda* minha amiga me disse que seu namorado o Pedro* recebeu um aumento de salário. Para comemorar ele pegou a Fe em casa, e levou-a no Motel mais famoso da Cidade, comprou uma garrafa de champanhe e deixou que ela escolhesse o que queria comer. Ela me contou super feliz que achou uma gracinha e que isso tinha deixado-a muito mais apaixonada, que havia sido uma noite linda, e que mal poderia esperar por um próximo aumento.

Algumas semanas depois outra amiga a Luana* veio me contar sobre outro aumento de salário, dessa vez o dela. Já me adiantei perguntando como havia sido, ou seria, a comemoração. Muito mais empolgada que a Fernanda ela começou a me contar seu dia.

Após receber a notícia de sua promoção no emprego, como já estava no final de seu expediente, ela se arrumou e foi para o carro, resolveu que não ligaria para ninguém, afinal, nem sua própria ficha havia caído. No caminho de casa percebeu que não era pra casa que ela queria ir, mudou a rota. Depois disso disse que só se lembra de estar entrando na loja deslumbrada com aquela bolsa perfeita que se destacava na vitrine. Resumindo, a comemoração do aumento de salário da Lu, foi a primeira das seis prestações da bolsa “mais perfeita do mundo” nas palavras dela.

Já há alguns dias eu venho tentando processar esse excesso de informação salarial, é demais pra mim. Ver a felicidade simples do Pedro em compartilhar sua conquista com a namorada me fez questionar a Lu. De que vale um aumento se nos próximos sei s meses você não vai ter nem notícias dele?

Mulheres. Não há outra explicação que seja mais adequada do que essa, não é consumismo, descontrole nem excesso, ouso dizer que é apenas nossa natureza. Sei bem, que mesmo depois de ficar no talvez auge de sua felicidade, dificilmente a Fernanda gastaria seu aumento com alguma coisa diretamente ligada à seu namoro. Não que ela não o ame, nem que não queira dividir sua felicidade. Ela faria isso apenas inconscientemente. Poderia chamá-lo para jantar e talvez até pagasse o champanhe, mas com certeza seu aumento estaria investido no par de sandálias que ela estaria usando durante o jantar ou no perfume novo.

Nesse momento, vocês homens estão me xingando mentalmente. Provavelmente de feminista, mal amada ou consumista, mas acalmem-se. Se sua namorada receber um aumento, e gastá-lo com um vestido novo, ela não está te amando menos por isso, pelo contrário. Ela está querendo ficar linda para você.

Nós não devemos sentir muito, se o nosso primeiro pensamento quando recebemos dinheiro não é o pagamento do motel. Por que sabemos que nosso primeiro pensamento é na verdade a lingerie nova que vamos comprar.

É a vida, homens XY, e mulheres XX, o que impressiona é que não vivemos uns sem os outros. E dessa maneira continuamos assim, vocês homens pensando no motel, e nós nas lingeries.

*nomes fictícios para preservar as identidades.