terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Qual vai ser o pedido?


- Eu quero mais intensidade e menos conseqüência. Quero menos eu, menos você. Quero mais nós. Quero um dia dormindo e três na folia, cheiro de areia, açaí e maresia. Quero um porre filmado, e um pouco de amnésia.
Quero uma noite com as amigas, e um dia pra recordar. Quero cicatrizes pra não esquecer. Quero menos encheção de saco dele, dela e daqueles três. Quero esquecer de mim mais uma vez.
Quero lenha na fogueira e batata doce pra assar. Quero bambu, quero funk. Quero ter história e não lembrar.
Quero estrela cadente. Quero me desligar do mundo por um dia ou dois. Quero deixar pra te atender depois.
Quero mais carinho e menos falta de atenção. Quero te dizer sim, mesmo querendo dizer não.
Eu quero rir da saudade e esquecer que ela existe. Quero lembrar do por do sol com as amigas, pra esquecer dias tristes.
Quero ficar bêbada e ligar pra quem não deveria. Quero ficar bêbada pra esquecer o que eu não queria.
Eu quero praia com amigas, quero mais diversão. Quero menos problema e mais solução.

- A srtª deseja mais alguma coisa?

- Uma dose de desapego, e duas de paixão.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Namorado(os)


Outro dia em uma conversa descontraída de madrugada com minha melhor amiga, descobri que podia classificar meus ex namorados, com associações animais. Achei genial e comecei a expandir minha tese. Baseando-me em experiências de amigas, comecei a fazer uma lista que provavelmente irá crescer ao longo do tempo. Resolvi compartilhar com o mundo a genialidade da minha tese, e coloquei algumas das classificações aqui;

O namorado “Panda”
É aquele namorado que você tem vontade de pegar no colo. Geralmente você o encontra filhote, dá mamadeira, cuida o vê crescer. Seu amor por ele é na verdade o materno. Mas o Panda como todos de sua espécie, não apenas por estarem em extinção, precisam voltar para seu habitat, é uma separação difícil pois não foi só você que se apegou ao panda ele também se apegou a você. E pior, ele pode jurar que a sua sobrevivência depende da sua presença, o que você sabe que não é verdade. Só resta a você solta-lo na selva e FUGIR.

O namorado “Pitbull”
É aquele namorado que costuma ser dócil com a família e amigos e principalmente com você. Apesar de dócil você sempre tem que torcer para que não haja nenhum desentendimento com alguém que você faça questão de conviver, pois sabe que se houver, terá que desistir de qualquer contato, pois nem a fucinheira irá funcionar nesse caso. Passeios a lugares movimentados ou muito cheios com dificeis saídas de emergência com esse tipo de namorado são arriscados, procure sempre locais abertos, arejados e pouco movimentados, mas nunca se esqueça da fucinheira.

O namorado “Sapo”
Não, esse namorado você não vai beijar e virar príncipe. Você vai beijar, beijar de novo e de novo. Vai ficar aí, sempre esperando que ele vire algo que não é.

O namorando “Chimpanzé”
É o namorado que gosta de todo mundo, e todos gostam dele. Ele irá se entrosar facilmente com sua família, e conquistará seu grupo de amigos mais rápido do que você imagina. Ele é engraçado, conversador e bem palhaço. O namorado chimpanzé é do tipo que curte tudo, topa qualquer programa, ele não é do tipo ciumento a não ser em casos extremos. O maior problema do namorado chimpanzé vem por causa de sua maior qualidade, você pode se sentir sufocada por sua família e amigos sempre o defenderem. E uma hora pode se cansar das macaquices que ele faz para chamar sua atenção.

O namorado “Boi”
É o tipo de namorado difícil. Ele é cabeça dura e sempre te convencerá que está certo em tudo. Ele não tem nenhuma paciência, ou estratégia e calma para lidar com as coisas, se não for do jeito dele ele irá apenas passar por cima. O acessório chifre, deve-se principalmente por seus defeitos, e nessa espécie será muito difícil encontrar um que não possua.

O namorado “Bicho preguiça”
Você olha pra ele e associa-o a um bichinho de pelúcia. Tem vontade de brincar, de amassar e de dormir juntinho. Ele sempre vai estar disponível pra você, e ter todo o tempo do mundo para o namoro. Mas não se engane a parte preguiça no nome faz jus a esse tipo de namorado, não espere saídas, encontros com amigos, ou passeios de casal. Para o namorado “bicho preguiça” o que importa mesmo são dias seguidos sendo feito de bichinho de pelúcia.

O namorado “Leão”
De longe todos que olham vão pensar “nossa ele deve tratá-la igual uma rainha”. Provavelmente quando saírem ele irá abrir-lhe a porta do carro, irá puxar a cadeira e te dar uma rosa. Você vai olhar toda sua pose e seu charme e jurar que encontrou seu príncipe encantado. No começo o processo, carro, jantar e rosas, será lindo e constante. Mas de repente você irá se ver no papel de leoa indo à caça. Comprando o jantar, a cerveja e servindo para ele enquanto ele vê o futebol. Nessa hora considere-se a rainha da selva.

O namorado “Coelho”
Ele é lindo, fofo, e você quer ficar com ele a todo instante. Esse desejo deve-se não somente ao amor que você jura devotar por ele, mas também à certeza de que qualquer descuido pode significar a investida dele com outra coelha. Não que ele não te ame, e queira estar com você a todo tempo, mas o instinto nesse caso fala mais alto.

O namorado “Golden Retriver”
É o namorado que você vai olhar de longe e vai pensar “Nossa.”. Você vai achar que ele é perfeito, lindo, e vai até ter medo de se aproximar. Mas uma hora vocês irão se conhecer, e você vai ver que ele não é só aquilo que aparenta. Além de lindo, ele é legal, amigo e companheiro. Ele pode te irritar com as palhaçadas e brincadeiras na sua TPM, mas elas sempre irão te alegrar. O namorado Golden Retriver pode dar trabalho por sua beleza, e você provavelmente terá ciúmes devido à fácil interação dele com outras mulheres.

Muitos namorados podem não se encaixar em apenas uma classificação, cabe a você combinar as qualidades de cada espécie na busca de uma evolução biológica digamos assim. Tente não combinar defeitos, pois assim você pode gerar um namorado mutante destruidor de corações e isso não seria nada agradável para a nossa espécie.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sobre nãos


Como dizer um não. Apesar da mesma quantidade de letras do Sim, dizer o “não” muitas vezes não é uma tarefa fácil. O não carrega sobre si o peso ideológico, de não querer, não estar disposto, de não poder. Ele traz tantos “nãos” complexos, que se torna incompreensível como eles cabem em três letras. Além disso, o “não” tem o peso da conseqüência, a raiva de quem escuta, a tristeza, a saudade, o medo. Pois o “não” é acima de tudo a negação ao que lhe é pedido, imposto ou requerido.

Muitos “nãos” entalam na nossa garganta e simplesmente se recusam a sair, como dizer não à uma criança que tem se comportado bem, e não lhe deu motivos para um “não”. Não, não tem como. Você vai levar a criança ao cinema, lhe dar pipoca, Mc Lanche feliz, e levá-la ao brinquedo do parque mesmo lembrando que com um “não”, você já poderia ter terminado o quinto capítulo da sua monografia.

Outros tipos de “nãos” são os que vêm até a língua, onde são mordidos, não conseguimos mastigar, mas engolimos. São os “nãos” que não podemos dizer. Você não vai dizer não quando sua mãe pedir para lavar a louça, ou quando ela pedir para você dependurar a roupa que está na máquina de lavar. Não dá. Você vai engolir o “não” enquanto despede da amiga no telefone, ou enquanto diz pra dez pessoas no MSN que já volta que só vai ajudar sua mãe.

O “não” que você engole pela sua mãe, tem quase a mesma carga emocional, do “não” que você não pode dizer para seu chefe ou professor. Você não pode negar fazer o relatório semestral da empresa, ainda mais se você é estagiário, ou está em algum cargo semelhante. Você não pode dizer não a aquele trabalho final que vale 90% dos pontos do semestre. De novo engolimos nossos “nãos” sem pestanejar.

Há um tipo de “não” que pode ser considerado um dos tipos mais difíceis, o “não” sem motivo. O não que você vai magoar a pessoa, que você sabe disso, mas que precisa dizer. E nesse caso não há nada que te impeça de dizer. É o não para aquele amigo que precisa sair por que acabou de terminar, que realmente precisa de você, que precisa de uma balada, precisa extravasar e quer juntar tudo em uma coisa só. Mas você não está afim de baladas, você não está namorando, mas não quer ir pra balada, um barzinho até pensaria, mas você quer mesmo ficar em casa e assistir um bom filme. É claro que ele não irá entender, ele ficará estressado e desligará o telefone na sua cara. Quanto a esse não você fica tranqüilo por que sabe que na semana seguinte ele te ligará com uma proposta parecida, e quem sabe você irá animar.

Esse mesmo não tem uma versão diferente, é aquele não que você tem que dizer para a sua amiga que irá comemorar o aniversário num barzinho perto da sua casa. E de novo quase sem motivo nenhum você não quer ir, ela estará com amigos que você mal conhece, seu meio de transporte está meio precário, e de novo você só quer ver um bom filme. Dessa vez a voz no telefone não ficará mais alta, ou estressada, ela diminuirá e com um tom de decepção se despedirá. Sim, esse não irá doer no fundo do seu peito.

Agora vem o pior “não” a ser dito. É o não que você pensa mil vezes antes de aceitar a possibilidade de dizê-lo. É o “não” que dói mais que a amiga triste no telefone, que dói mais que dizer “não” a uma criança. É o não que você tem que dizer para você mesmo uma hora. Esse “não” é o que você vai negar até o último momento, muitas vezes não irá dizê-lo, e provavelmente irá se arrepender, e pensar que deveria ter dito. E não vai haver ninguém para lhe dizer que lhe avisou, só você mesmo.

Esse tipo de não é aquele que você tem que perceber se tem que dizer, e se perceber não podem negar em dizê-lo. É o “não” que você tem que dizer pra você mesmo quando percebe que a menina que está se envolvendo vai te fazer sofrer. Ela já fez outros caras sofrerem e você sabe, e você já está começando a sofrer só com a possibilidade de dizer não. Nessa hora, o não é imprescindível, a hora já está passando. É o não agora ou o sofrimento depois. E sabendo a dificuldade que é dizer não para si mesmo, provavelmente você irá ficar com o sofrimento para depois. É o mesmo não que você tem que dizer pra sua consciência quando ela pensa em confiar em um amigo que lhe fez mal, você sabe que ele não mudou, sabe que fará tudo de novo. E só tem uma coisa que pode fazer, dizer não.

O não é sim a palavra mais difícil de dizer, mais ainda de se ouvir.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Lágrimas


Na sociedade em que vivemos, as emoções são cada dia mais íntimas, e mais escondidas. Queremos sempre parecer felizes demais. Ser visto chorando é algo que pode muitas vezes acabar com uma reputação (que perigo).

Ainda lembro quando eu mudei de escola na 5ª série, e por incrível que pareça meu primeiro choro (quase) em público, foi digamos traumatizante. Após ser chamada de patricinha e filhinha de papai, eu fui pro banheiro chorar. Não sem antes acabar com a raça da gordinha que havia feito isso comigo. Ela se fazia de punk rock, comprava pulseirinhas na feira, usava símbolos de RPG que nem sabia o significado, e veio falar do meu tênis da Nike e da minha mochila da Kipling? Claro que eu não deixaria isso barato.

Após uma discussão colossal na frente de toda a turma ela saiu chorando em público, e aquilo para mim foi a glória. O que ninguém sabe foi do meu choro escondido na 3ª cabine do banheiro feminino do primeiro andar. Quando minhas amigas perguntaram disse que estava com diarréia. Mesmo tendo sido um choro escondido, a simples possibilidade de que alguém percebesse minha cara inchada, ou ouvisse meu choro me apavorava, ainda mais depois de ter visto como a minha rival foi criticada.

Esse é um bom exemplo de como sentimentos são cada vez mais reprimidos por vergonha da reação alheia. Eu preferi falar que estava com diarréia a dizer que estava chorando. Poxa. E olha que eu tenho vergonha de ter diarréia.

Nós sempre nos esquecemos de que a felicidade é um sentimento que não é pleno, nunca se é feliz sempre, nem triste sempre. Todos nós temos crises, temos tristezas, problemas, e alegrias simples, e não há mal em demonstrar isso.

Outro dia vi passando pelo corredor da faculdade uma menina chorando, eram 7 da manhã para alguém começar a chorar tão cedo, era algo grave. Meu instinto social insistiu para que eu preservasse a intimidade da garota, mas nesse mesmo momento meu lado humano falou mais alto. Eu me lembrei, de quantas vezes segurei o choro por vergonha, mesmo sabendo que em certos momentos eu precisava apenas de um abraço qualquer que fosse. Me aproximei e perguntei o que havia, ela disse que nada (bom era o que eu diria também). De qualquer forma eu falei para ela não ficar daquele jeito, que tudo passa, que com certeza aquilo passaria.

Nunca soube o que houve com a garota aquele dia, mas o singelo sorriso quando nos cruzamos no corredor me faz lembrar até hoje de como um gesto de carinho ainda é muito importante.

Mesmo sem TPM, ou sem problema nenhum, vai haver um dia em que você vai querer chorar, chorar muito. Por saudade de alguém que se foi, por saudade de uma época, por felicidade ou por assistir Um amor pra recordar (de novo). A vida é assim, lágrimas são normais, sorrisos cada vez mais freqüentes e raiva me causa enjôo, assim como a ansiedade. Não somos um poço de felicidade, nem de tristeza, variamos entre dias bons e ruins, mas isso não nos impede de viver. De receber um sorriso de um estranho ou de aconselhar um desconhecido triste. Muitas vezes o que nos entristece hoje nos faz feliz amanhã.

Depois de alguns meses eu e a gordinha punk-rock nos tornamos amigas, ela ficou menos punk e eu menos Patty. Até hoje rimos quando nos lembramos dessa história, mas até hoje não tive coragem de contar do meu choro escondido. É, certas coisas nunca mudam.