quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Ah, o natal.


Tempo de abraçar a família, distribuir presentes, esquecer das mágoas, acreditar em Papai Noel e até no coelho da páscoa. Nesses dias ficamos sensíveis, queremos dar presentes a todos, lembramos de caridade, humildade, esperança, e muitos outros sentimentos que nos esquecemos ao longo do ano. Lembramos de como gostamos de castanhas, nozes e pinhão. Temos vontade de comer Chester, bacalhau e até um peru na ceia. Nessa época gostamos das decorações com tons; verde escuro, vermelho, dourado e prata. Saímos às compras, parcelamos tudo em prestações a perder de vista, e no final do dia quando estouramos o cartão de crédito, débito, quando não há folha de cheque ou dinheiro para a gasolina pensamos; “Tudo bem, é natal.”
Perdemos a noção de tempo, não há semanas, dias, horas, há somente, natal e reveillon. Geralmente é a época mais esperada de todo o ano, entramos de férias, esquecemos dos problemas e pensamos apenas no natal.
O trânsito se torna infernal, um trajeto de dez minutos passa a ser feito em 30, mas quem liga? É natal. Os shoppings ficam infernais um mês antes com o inicio das férias, crianças correndo na maratona, cinema, lanche e brinquedos, mães loucas com os filhos na Rihappy enquanto eles pensam no que vão pedir para o Papai Noel. As filas agora com três vezes o tamanho são esquecidas, mesmo assim ninguém se arrisca a ir ao Mc Donald’s no final da sessão de Avatar, já prevendo os sorvetes derramados, os erros no Mc lache feliz e a demora. Ah, a demora. Todos passam a não ligar de ficar horas na fila para pagar as compras afinal, são presentes de natal.
Quem liga em ficar uma hora esperando na fila enquanto segura a boneca com a caixa de um metro e meio na mão, mesmo sabendo que a boneca não tem nem 40 centímetros? Mas olhamos para a boneca no meio da caixa e já prevemos a cara da filha, sobrinha, neta, afilhada, irmã que irá recebe-la.
Ah, o natal.
No final da ceia quando estamos empanturrados de comida, ainda queremos a sobremesa. Enquanto isso alguns abrem o zíper da calça, outros já dormiram, alguns já estão muito bêbados se abraçando, quando você vê uma briga encerrando graças ao espírito natalino já pode prever qual será a próxima.
Quando deitamos a cabeça no travesseiro, ainda lembramos-nos de quando fazíamos isso ansiosos para acordar de manha e ver os presentes no pé da arvore. E nesse momento nos sentimos completos, esquecemos que essa é apenas uma data capitalista, esquecemos das dívidas que conseguimos em um dia, e dormimos, como se de manhã ainda fossemos ver a árvore cheia de presentes.

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