sábado, 3 de abril de 2010

Looking for something


Outro dia acordei procurando, não me pergunte o que, o por que ou como isso surgiu. Mas acordei com uma intensa vontade de procurar. Abri meu guarda roupa e me deparei com uma bagunça que eu ainda não fazia idéia que estava ali, procurei enquanto arrumava, achei minha blusa preferida de três anos atrás. Achei meu uniforme da pré-escola, e me deu vontade de chorar ao ver que nem na minha sobrinha serve mais. A, o tempo. Continuei procurando.

Vi que minha calça jeans desbotada, e favorita no primeiro ano do ensino médio provavelmente não passaria das minhas coxas. Tudo bem, eu nem queria usar mesmo, ia me deixar um tanto quanto pirigueti. Continuei minha procura.

De repente me deparei com vidros de perfume, maquiagens, esmaltes, cangas, brincos, esteticamente, e perfeitamente e organizados. Não, eu ainda não havia achado nada que me saciasse. Procurei na minha mesa, entre gavetas com antigas cartas, recibos, contas, bilhetes trocados com a melhor amiga na 7ª série, risos e meias lágrimas, mas sem saciação.

Deixei a mesa mais desorganizada do que antes, e passei pra sapateira. Caixas de sapato jogadas pelo quarto, enquanto eu desfilava de salto e pijamas, na frente do espelho, me alegraram um pouco. Mas relevei minha bagunça em nome da minha procura. Eu simplesmente não achava.

Debaixo do colchão, na gaveta da cômoda, caixa de jóias da minha mãe, armário de documentos do meu pai, escrivaninha do irmão, nada. Me deu vontade de chorar, de correr e sentar na chuva lá fora. Eu havia visto tanta coisa, era tanta vida, tanta história, e eu ainda me sentia vazia. Me culpei.

Me culpei em todos os segundos em que pensei me sentir vazia, me culpei a cada minuto que procurei, me culpei quando te vi chegar, me abraçar e me dizer “Oi linda”.

Me culpei por procurar, mesmo sem saber, algo indefinido, na vaga esperança de achar alguma coisa que substituísse sua ausência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário